Estava lendo o texto de uma escritora
chamada Marcella Fernanda. Nesse texto, ela falava sobre covardia, desistir,
ter coragem para desistir etc. Resolvi escrever um pouco sobre isso.
Durante muito tempo, antes dessa nova fase
da minha vida, nunca tive em mente que deixar uma pessoa seria um ato de
covardia. Nem pensava, também, em insistir ou persistir em algo/alguém. Até
porque meus pseudo-relacionamentos eram baseados em jogos, trocas e eu, ao me
dar com esses tipos de sentimentos, acabei fazendo o que eu menos queria:
comecei a jogar, brincar e trocar também.
É repulsivo pensar nisso, eu sei. Mas as
situações da vida fizeram com que eu começasse a agir desta forma. E então
passou a ser assim: se quer, bem; se não quer, bem também. Hoje eu quero,
amanhã já não quero mais e, depois de amanhã, ninguém sabe o que vou querer,
nem mesmo eu. Há tempos eu não tinha uma estabilidade emocional e/ou de
sentimentos.
Enquanto eu vivia essa vida de incertezas
e variedades, desistir para mim era uma tarefa muito fácil. Talvez porque,
nessa época, de qualquer maneira, lutar nem valesse a pena. O sacrifício de
fazer tudo ficar bem não era digno daqueles “relacionamentos” e eu estava
tranquila daquele jeito, desistindo de uns, de outros, retornando para outros.
Até que eu encontrei alguém por quem
realmente vale a pena lutar, alguém que é merecedor de todos os esforços do
mundo para ver um simples sorriso. E aquele pensamento de “dane-se se ele for
ficar triste” começou a ser substituído pelo medo de magoá-lo, pela vontade de
fazê-lo feliz e pelo desejo, ainda mais, de fazer tudo para dar certo.
Foi aí que eu percebi que desistir, quando
amamos alguém, é realmente algo extremamente difícil. Talvez seja, também, um
ato de covardia. Digo isso porque estar com uma pessoa nos momentos bons, de
felicidade, de alegria e comemoração é fácil, extremamente fácil. Difícil mesmo
é estar com ela naquelas ocasiões complicadas, em situações de doença, de
necessidade de colo, de choro e de tristezas. Mais difícil ainda é estar com
uma pessoa quando começamos a perceber os defeitos que ela possui e, claro,
quando ela também começa a ver os nossos defeitos.
O relacionamento passa por diversas
provas, por momentos que imaginamos que não vai dar pra continuar, não mais. E
aí, sabe o que aparece? O amor. É sério, gente. O amor faz com que tiremos lá
do âmago, do fundo da nossa essência a força pra continuar. Pra lutar. Pra
viver nessa luta diária que é a relação entre duas pessoas.
Sim, é uma luta diária. Conviver com uma
pessoa que não teve os mesmos ensinamentos, que não teve os mesmos costumes,
que tem alguns pensamentos divergentes dos seus é extremamente difícil. Mas,
sabe de uma coisa? É tão gratificante!
Porque essa mesma pessoa que tem todas as
diferenças do mundo é a mesma pessoa que te faz sorrir, que te faz ter as
melhores conversas e debates, que faz você pensar e se colocar no lugar dela, que
te faz crescer, que te traz ideias e novos costumes... Mudar é importante, né?
E é também essa mesma pessoa que faz você ter força e passar por essas lutas
diárias com um sorriso no rosto.
Não estou dando a entender, aqui, que
devemos aceitar tudo e todos. Estou apenas dizendo que, se você ver que o
esforço vale, faça-o. Dê mais uma chance a ela e a você. Meu namorado, sempre
que brigamos, pede mais uma chance. E a resposta que dou é sempre a mesma: “você
tem todas as chances do mundo”. Porque eu sei que, como ele, eu também erro e,
quando eu errar, também vou querer uma oportunidade para reparar o que foi
feito. Porque sei também que ele vai consertar meu coração, que ele não vai dormir se não ficarmos em paz e sei, mais ainda, que eu não vou dormir sem estar bem com ele.
Os momentos difíceis irão aparecer, sim. Fatalmente é assim a relação entre duas pessoas. Em algum momento foi assim com seu pai ou com sua mãe, com seus irmãos ou primos, com alguém. E não vai ser diferente com essa pessoa.
Não sou a favor de idas e vindas, de
instabilidade, de fragilidade e, até mesmo, impulsividade. Aprendi que respirar
é uma das melhores coisas do mundo, sabia? Ainda mais na hora do nervosismo. É
importante, sim, respirar, pensar no que vai ser dito exatamente para saber se,
no lugar da pessoa, ficaríamos felizes com o que iríamos ouvir.
Sempre me disseram que paciência é uma
virtude. E não é que é mesmo? Mais uma coisa que aprendi com ele. Também aprendi a
insistir com ele, a persistir nele, porque em todos os momentos em que eu
imaginei que iria embora, mesmo que por algumas horas, ele estava ali,
esperançoso, disposto a fazer tudo ficar bem. E sabe de uma coisa? Não é difícil, muito menos impossível. Um abre mão daqui, outro dali, e tudo acaba se encaixando. É só ter vontade de fazer dar certo.
Então, se vale a pena, faça, sim, tudo o
que puder. Insista até o último segundo e você vai ver: quando achar que suas
forças estão esgotadas, o amor vai aparecer para revigora-las; e não pense que
os momentos de dificuldade vão acabar, mas pode ter certeza que os de
felicidade virão sempre mais acentuados, com mais paixão e certezas.
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